segunda-feira, 9 de abril de 2012

Roger Waters, Berlim e o Muro.

Pink Floyd é uma das poucas bandas que me considero fã. Recentemente Roger Waters, ex-baixista da bamda, retornou ao Brasil para fazer mais uma série de shows. Fui num show dele em março de 2007, durante seu tour mundial chamado "The Dark Side of the Moon". Obviamente Waters e banda tocaram o emblemático disco de mesmo nome ao vivo(além é claro de outras canções da banda de Rock Progressivo e de sua carreira solo).

Lembro que teria prova de física no dia seguinte mas fui à apresentação mesmo assim. Cheguei atrasado no local do show e enquanto caminhava em direção ao palco ouvi os primeiros acordes de "In the flesh?" que abre o disco The Wall(1979) que segue no vídeo abaixo. Fato curioso foi que quando  começou a música as pessoas ao meu redor começaram a correr em direção ao palco. Assim como fizeram os jovens da adaptação cinematográfica do álbum(uma análise inclusive compara essa correria à corrida de espermatozóides em direção a um óvulo).

Segundo ele, a idéia para a criação do disco veio de uma apresentação em que ele realizava com a banda. Eles tocavam alguma canção quando um fã invadiu o palco e foi em direção ao baixista e este cuspiu naquele. Após este fato Waters passou a refletir e essa reflexão deu origem ao disco de 1979. O pai de Waters morreu na Segunda Guerra Mundial, quando ele ainda era um garoto. A história de Pink, contada nas letras dessa ópera-rock reflete esse fato. Vale ressaltar que o personagem principal do disco, Pink é baseado também em Syd Barrett, o lider original da banda.  A vida do protagonista é retratada desde sua infância até a idade adulta quando se torna num astro do rock. Paralelamente a isso ocorre um processo de isolamento do mundo. Entre os motivos alegados desse isolamento estão sua mãe super-protetora, um professor opressor e sua namorada que o traiu. Com o passar do tempo o Muro vai se fechando mais e mais até o derradeiro julgamento "The Trial", a penúltima canção na qual Pink é condenado a entrar em contato com seus pares novamente. Aos berros de "Tear down the wall!" o Muro é derrubado e fecha-se o disco com uma música calma e otimista: "Outside the wall".

Após o final da Segunda Guerra mundial começou a Guerra Fria, uma batalha por zonas de influência entre o bloco capitalista liderado pelos EUA e o bloco socialista liderado pela URSS. Ela deu origem a OTAN, uma aliança militar onde entraram alguns países que eram do Pacto de Varsóvia(a aliança da URSS). Assim sendo a Europa foi dividida ao meio entre as duas superpotências em áreas de influência; a capitalista na parte ocidental e a socialista na oriental. Churchill, Primeiro-Ministro do Reino Unido na época da Segunda Grande Guerra, chamou essa divisão de "cortina de ferro" em um de seus discursos. A Alemanha, derrotada no conflito que antecedeu essa situação foi dividida em duas em 1949. Ao oeste a  República Federal da Alemanha(RFA) com sua capital em Bonn. A leste a República Democrática Alemã(RDA) com a capital em Berlim oriental. Berlim também foi dividida entre os dois blocos apesar de se encontrar dentro do território da Alemanha Oriental. Em 1961 essa divisão se acirrou com a contrução do emblemático muro de Berlim dividindo as duas partes da cidade, após um bloqueio de envio de recursos ao lado Oeste da cidade por via terrestre. A solução encontrada pela RFA foi enviá-los por via aérea. Esse muro ficou de pé até 1989. Com o fim da divisão de Berlin, destruiu-se também o maior símbolo da Guerra Fria. Algum tempo depois em Julho de 1990, Roger Waters realizou um show onde era a anterior "No man's Land", faixa entre os dois lados do muro, onde qualquer um que tentasse fugir para Berlim Ocidental recebia tiros por parte dos soldados da RDA. Esse show teve participação de vários artistas famosos como Cindy Lauper e Sinéad O'Connor(aquela que rasgou a foto do papa na tv). A apresentação foi gravada e lançada em setembro de 1990.
Vale a pena conferir também o filme baseado no disco(presente na íntegra no google vídeos). The Wall não é meu disco preferido da banda, mas também não é o que menos gosto. É um dos mais sombrios, sendo bom para escutar em momentos de fossa.

EDIT: Corrigi um erro de português e adicionei alguns detalhes no penúltimo parágrafo.

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